Aristóteles traz a ideia de que nós somos o que fazemos repetidamente, e para atingirmos a excelência, não basta um ato isoladamente. É preciso tornar a virtude como um hábito. Isso é extremamente relevante diante da crise de ética que o Brasil vive (e sempre viveu em sua história). Vejo como muito sério trabalhar as questões éticas e morais em uma escola. Clóvis de Barros Filho e Mario Sergio Cortella, no programa Café Filosófico, trouxeram a ética como o que nos permitimos fazer ou não fazer quando estamos na presença e no convívio de outros, e a moral é algo da pessoa com ela mesma, o que faria ou não faria ainda que ninguém estivesse presente, olhando.
Em um vídeo, Clóvis de Barros Filho diz assim: "A nossa sociedade é despreparada nesse campo (ética nas escolas). Dentre outras razões, ela é despreparada porque nos espaços em que a ética poderia ser ensinada, ela não é. Se você se lembrar, você estudou 4 anos de Literatura, 3 anos de Biologia, 3 anos de Física, 3 anos de Química, 7 anos de Matemática, 7 anos de Português, mas é provável que você não tenha tido nem uma aula sequer sobre princípios de convivência. A ética é considerada algo importantíssimo, mas não é ensinada por ninguém. E acredite, se houvesse a vontade política de ensinar isso nas escolas, não haveria professor para ensinar. Então, no final das contas, conviver no espaço público é, para nós, feito de maneira intuitiva, sem nenhum preparo. A escola prepara para saber o que é uma célula, mas não prepara para conviver com as outras pessoas. Cada um, então, faz do jeito que lhe apetece. (...) o espaço familiar é um espaço que, na nossa sociedade, não é garantidora de uma formação adequada. Eu tenho a impressão que em muitos dos nossos lares, as nossas crianças aprendem a desdenhar da convivência em proveito de vantagens próprias. E, portanto, a escola seria o único espaço legítimo para propor essa revolução."
Na escola,
as crianças e jovens vão vivenciar situações entre os próprios colegas e
professores/coordenadores, que vão demandar alguns comportamentos como
honestidade, respeito, disciplina, saber ouvir o outro, ter controle da raiva e
da agressividade, saber esperar sua vez, não mentir, não prejudicar o colega em
benefício próprio, etc.
No futuro, essas crianças e jovens serão cidadãos capazes de conviver em sociedade com maior consciência de suas ações, sabendo que as próprias atitudes têm consequências no grupo social. Isso é essencial pra que não se tornem adultos corruptos, que furam filas, que enganam, que roubam ou matam, que prejudicam ou boicotam, que são intolerantes ou agressivos.
Isso não tem a ver com "esquerda" ou "direita", nem religião, tem a ver com cidadania, direitos e deveres enquanto membro de um grupo social, e que garantem os direitos humanos básicos universalmente considerados.
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